Participants in the closing session of the Second Latin American Conference on Diversity in Journalism.

16 setembro, 2022

E agora, o que fazer? Algumas ideias para impulsionar a diversidade no jornalismo na América Latina

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A sessão de encerramento da Segunda Conferência Latino-Americana sobre Diversidade no Jornalismo fez um balanço das ideias discutidas durante o evento e plantou a semente de criação de uma futura organização continental para promover os conceitos de diversidade, equidade e inclusão no jornalismo na América Latina.

“Isto era um pouco o que queríamos trazer à tona no final da conferência: formalizar esta colaboração no sentido de que estamos interessados em criar uma rede. Estamos inspirados a unir forças, a integrar esforços e, bem, em breve esperamos poder compartilhar com você uma página web na qual já estamos trabalhando,” disse Mariana Alvarado, jornalista mexicana e coordenadora da conferência.

O objetivo central da rede a ser formada será continuar impulsionado a educação sobre os temas relacionados à diversidade, equidade e inclusão (DEI) no jornalismo.

“Diversidade, equidade de inclusão não é uma questão de moda, é uma questão relevante, é uma questão que temos que considerar como jornalistas. É nosso dever representar todos, todos, todos os grupos que estão nas comunidades que cobrimos,” disse Alvarado.

A necessidade de educar jornalistas e seus públicos sobre DEI é uma das conclusões que emergiram ao final da conferência. Segundo a jornalista Andrea Medina, realizadora de Integrados Chile, o tema educação esteve presente em todos os painéis.

“Em nossas escolas de jornalismo, em nossas universidades, nunca nos ensinaram isso, nunca nos ensinaram sobre diversidade, nunca nos ensinaram sobre a comunidade indígena, ou como atender as necessidades de pessoas com deficiência, de pessoas da comunidade LGTBI+, muito menos de migrantes ou outros tipos de comunidades,” disse Medina.

María Teresa Juárez, roteirista e jornalista mexicana, defendeu que os jornalistas da América Latina se engagem na “onda” DEI, que segundo ela é um movimento global que veio para ficar. Ela disse que há muitos temas por cobrir e dúvidas a serem resolvidas em assuntos como terminologias, abordagens, enfoques e narrativas, e uma inquietude crescente em meios grandes, pequenos, nativos digitais e comerciais em para iniciar ou reformular narrativas DEI em suas redações.

“E isto abre um universo de possibilidades que nos excita e, ao mesmo tempo, representa um desafio. A linguagem, que é a matéria prima do fazer jornalístico, pode concretizar de forma muito clara estas mudanças, estas expressões globais que estão sendo transformadas à luz de diferentes movimentos e acredito que elas já são uma tendência,” disse Juárez

Já Pilar Cuartas, jornalista da Pontíficia Universidade Javeriana e advogada da Universidade Livre, disse que a segunda edição da conferência permitiu criar um espaço de conexão e compartilhamento de conhecimento sobre a temática DEI entre jornalistas da América Latina, abrindo portas para colaborações em nível continental.

“Penso que o trabalho coletivo, poder conhecer outras pessoas, compartilhar experiências, compartilhar as mesmas perguntas e debater sobre elas, é maravilhoso e tem sido uma experiência incrível porque também me obrigou a procurar e tentar encontrar respostas. Penso que ainda não existem todas as respostas, mas que a conversa está acontecendo na América Latina e que percebemos que existem muitos meios de comunicação que estão trabalhando na diversidade, inclusão e igualdade,” disse Cuartas.

Participants in the closing session of the Second Latin American Conference on Diversity in Journalism.
Participantes da sessão de encerramento da Segunda Conferência Latino Americana sobre Diversidade no Jornalismo. (Crédito: captura de tela)

Para Lucía Solís, jornalista e comunicadora feminista, o amplo interesse que a conferência, e as atividades recentes do Centro Knight voltadas para a temática DEI — como o MOOC “Diversidade nas notícias e nas redações” e o lançamento do livro eletrônico “Diversidade no jornalismo latino-americano” — despertou em jornalistas do continente lhe fez perceber que ela não está só em sua motivação de lutar por um jornalismo mais diverso.

“Portanto, penso que para mim fazer parte desta família não foi apenas uma honra, mas também um ponto de virada em minha carreira, perceber que não estou sozinha e que há muitas pessoas que querem articular precisamente esta motivação que tenho pessoalmente do meu trabalho jornalístico e que muito mais pode ser feito,” disse Solís.

O professor Rosental Calmon Alves, fundador e diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, lembrou que a organização tem uma experiência ampla em empoderar jornalistas da América Latina que querem se organizar, e se colocou à disposição a ajudar na articulação inicial de uma rede de jornalistas interessados em DEI.

“Agora é o momento de incentivar a colaboração e capacitar os jornalistas interessados”, disse Alves. “Talvez no próximo ano seja a rede que realizará a terceira Conferência Latino-Americana sobre Diversidade no Jornalismo.”